O projeto de urbanização da orla sul de Vila Velha, que envolve intervenções entre Ponta da Fruta, Nova Ponta da Fruta e Interlagos, passou a ser alvo de cobrança de moradores e ambientalistas. Embora as obras já estejam em andamento, parte da comunidade afirma que não teve acesso ao projeto completo, o que tem levantado dúvidas sobre os impactos da intervenção e sobre a forma como a prefeitura conduz o processo.

A iniciativa prevê a instalação de calçadão, ciclovia, drenagem, pavimentação e novos equipamentos urbanos, compondo um corredor contínuo de infraestrutura ao longo do litoral da região. O investimento total ultrapassa R$ 28 milhões.

Infraestrutura avança, mas comunidade quer detalhes

Segundo informações divulgadas pelo município, serviços de pavimentação, drenagem e preparação para ciclovia já estão em execução em trechos da orla. A prefeitura destaca que a obra vai melhorar a mobilidade, reduzir alagamentos e valorizar o espaço público, criando um ambiente mais seguro e organizado para moradores e visitantes.

Ainda assim, moradores relatam que não conhecem o projeto final, não sabem como ficará o desenho do calçadão e não foram convidados para debates técnicos sobre o tema.

Preocupação ambiental mobiliza moradores

A principal preocupação diz respeito à restinga, vegetação nativa que funciona como barreira natural contra erosões e avanço do mar. Ambientalistas e pesquisadores locais alertam que intervenções sem planejamento detalhado podem fragilizar o ecossistema costeiro e alterar o comportamento natural das marés ao longo dos anos.

Há também o receio de que áreas de uso tradicional da comunidade, como trechos de areia utilizados para pesca, caminhadas e esportes, sejam reduzidas.

Para os moradores, a discussão não é contra a obra, mas a favor da transparência e do diálogo. Eles defendem que o projeto completo seja apresentado publicamente e que audiências sejam realizadas antes do avanço das etapas mais estruturais.

Modernização x preservação: o desafio da orla sul

Projetos de requalificação urbana em áreas costeiras costumam gerar debates, e o caso de Vila Velha não é diferente. De um lado, há a promessa de melhoria da infraestrutura, ampliação da mobilidade e valorização turística. Do outro, crescem alertas sobre eventuais impactos ambientais e sobre o afastamento da comunidade das decisões.

Especialistas em urbanismo defendem que transparência e participação social são fatores essenciais para evitar conflitos e garantir que os benefícios da obra se distribuam de forma equilibrada, tanto para os moradores quanto para o meio ambiente.

Com as obras em andamento, moradores organizam abaixo-assinados e grupos de diálogo para pressionar por mais informações. A expectativa é que a prefeitura apresente o projeto com mais clareza e detalhe o cronograma, os materiais utilizados e as medidas de proteção ambiental previstas.

Enquanto isso, o tema segue mobilizando a região e deve continuar em destaque nas próximas semanas, especialmente por envolver recursos públicos de grande porte e intervenções em uma das áreas mais sensíveis do litoral capixaba.

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